História

O Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus, situado no município de Catalão tem como entidade mantenedora a Congregação Agostiniana Missionária de Assistência e Educação. O Colégio “Mãe de Deus” começou a fazer parte da história de Catalão em 1921 uma época em que o país era presidido pelo Presidente Epitácio Pessoa, e passava por grandes desencontros políticos, visto que a República havia sido proclamada pouco tempo em 1889.

Nesse ano de 1921 ressaltavam-se alguns fatos marcantes no país: no Rio de Janeiro recebiam-se os restos mortais de D. Pedro I; começava a circular em São Paulo o jornal Folha da Noite, era sancionada a lei de repressão ao anarquismo, o presidente Epitácio Pessoa anunciava a política de defesa permanente do café que até então era um primórdio da economia nacional. Nesta época era governador Salomão de Paiva na cidade de Goiás, onde a política era conturbada e conflitiva. E Catalão contava apenas com 3.000 habitantes, possuindo um grupo escolar chamado “Grupo Escolar de Catalão” o atual “Rita Paranhos Bretas” com pouco mais de 100 alunos; uma escola particular de Rosentina Santana e Silva, a estimada mestra “Dona Iayá” e um colégio de Padres “Sagrada Família” que logo fechou.

Nesta ocasião dirigiam a paróquia local os Padres Agostinianos de nacionalidade espanhola. Entre eles estava o Monsenhor Francisco Inácio de Sousa, um dos diretores do Colégio masculino “Sagrada Família”. Dele nasceu a semente que deu origem ao Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus, ao sentir necessidade de criação de um estabelecimento para moças dirigido por Religiosas.

Monsenhor Souza procurou chefes políticos locais e, ajudado pelos intelectuais da época: Ranfolfo Campos, Dirceu Victor Rodrigues  e Victorita Rodrigues conseguiu fazer brotar e desenvolver seu ideal. Randolfo Campos foi um dos grandes intelectuais daquela época, cuja cultura foi bem conhecida em todo o Estado de Goiás e no Triângulo Mineiro através o seu jornal “O Goiás e Minas”, de grande prestígio e circulação na época. Dirceu Victor Rodrigues, advogado de grande competência homem idealista, que atuou em São Paulo, era autor de vários livros de Direito. Victorita, moça culta, havia se formado pela Escola Normal do Rio de Janeiro, então Madre Lúcia, da Congregação “Madre Cabrini”.

Monsenhor Souza, ajudado por sua equipe idealista, conseguiu trazer da Espanha através dos Padres Agostinianos cinco Madres que seriam as Fundadoras do Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus. Foi buscá-las no porto de Santos, trazendo-as até Catalão. Conseguiram da Mitra ou Arquidiocese de Goiás, através do Bispo Dom Emanuel Gomes de Oliveira a doação de uma das maiores residências da cidade para abrigar as Madres e neste mesmo prédio seriam dadas as aulas. As cinco Irmãs eram: Madre Natividade Gorrochátegui, Mercedes Iriarte, Esperança Garrido, Maria Paz Hernandez e Inez Lopes. Todas bem moças com exceção de Sor Inez que já tinha mais idade e era asmática, razão pela qual não se deu bem com o clima do Brasil, regressando a Espanha onde faleceu, sempre saudosa do Brasil e de sua gente.

Começava-se então um trabalho árduo; porém, movidas pela filosofia de Santo Agostinho e a fé em Deus, foram construindo uma identidade própria em Catalão que na época era uma cidade com nível cultural considerável, porém com uma política extremamente violenta. E foi em meio a tantas lutas e perseverança que no dia 02 de julho de 1921, tendo como primeira diretora Madre Natividade Gorrochátegui, começaram as aulas no Colégio com 18 alunas, não chegando ao número exigido pela prefeitura para a colaboração de 2 mil reis. E elas escreveram: “Desalentos este começo; Deus faça crescer”. Iniciaram, a pedido, o internado com três alunas: Maria Anunciação Martins, Bernardina Martins e Maria das Dores Campos, todas do curso primário.

Havia apenas uma sala de aula, mais ou menos de 4×6, uma mesa para a professora com 5 ou 6 carteiras grandes e alguns bancos pequenos. As aulas iniciavam ás 11h com lições até às 14 horas. Meia hora para o recreio e após esse, 1:30h de trabalhos manuais, quando as  alunas rezavam o terço e cantavam em conjunto até as 16 horas. Desde então o Colégio passou a ser o baluarte da cultura, colméia de todos os que quiseram aprimorar os conhecimentos: famílias  catalanas, cidades vizinhas e de todo o Estado de Goiás.

Com o ensino voltado aos preceitos cristãos ofereciam uma cultura humana aberta à mensagem da salvação, transmitindo a descoberta de Deus, que se fundamenta no conhecimento de sua Palavra e na doutrina da Igreja. Buscavam formar individuo para atuar na vida de acordo com os princípios  evangélicos, comprometendo-se por um mundo mais justo e fraterno. Apoiavam-se na filosofia de Santo Agostinho: educar para a reflexão, a interiorização e o estudo, base para uma intuição e experiência de Deus inspiradas na pedagogia tradicional, vigente na época, com métodos de aulas expositivas, em postura positivista de “Augusto Conte” (Obediência e objetividade) o Colégio passou a fazer parte na vida da sociedade burguesa catalana durante muitos anos.

Em 1925 os deputados estaduais Augusto Pimentel e Lourival Álvares Campos conseguiram com o decreto nº 799 de 14 de agosto de 1925 a criação do curso normal que até então só existia na cidade de Goiás. Formava-se a primeira turma de normalistas em 1927, composta por cinco alunas: Júlia Victor Rodrigues, Astréa Bretas, Telezila Neto, Elvira Righeto e Maria das Dores Netto, sendo paraninfo Dr. Dirceu Victor Rodrigues. O primeiro fiscal da Escola Normal foi Randolfo Campos. As festas de formatura eram uma atração para toda a população da cidade e o colégio começou a necessitar da ampliação, e aos poucos as Madres iam comprando mais terrenos.

Nesses primeiros anos as cinco Madres passaram bastante medo, pois a cidade de Catalão tinha má fama e conservava-se ainda a marca da luta havida entre os Andrades e Paranhos, “o ano do fogo” luta que foi abafada com a intervenção federal e o assassinato do Senador Paranhos. Ademais, era hábito os senhores andarem armados, costume que elas estranhavam e tinham medo. Certa Noite a Me. Esperança acordou três alunas internas para, juntamente com as demais Irmãs rezarem por uma alma agonizante que gemia alto a noite toda. Pela manhã os gemidos cessavam recomeçando á noite. Na  noite seguinte ela levou as jovens perto da janela para ouvirem os gemidos angustiantes e então, foi que perceberam se tratar de um monjolo do vizinho que trabalhava à noite, parando  às 6:00 horas da manhã. Este simpático acontecimento espalhou-se pela cidade. Aos poucos as Irmãs iam acostumando-se com esforço e boa vontade.

O Colégio progredia e das cidades vizinhas chegavam alunas para o internato que aumentou para 15, depois 20 até 120 alunas, bem como outras semi-internas e externas. Em 1935 foi construído um novo prédio térreo, depois ampliado para 2º andar amplo e confortável dormitório, chegando a 130 alunas internas. Em 20/06/1937 foi criado o curso ginasial e seu primeiro inspetor foi o Dr. José Calazans. A primeira turma de ginasianas deu-se em 1941 com um total de 23 alunas. O Colégio passou a funcionar em regime misto no curso Ginasial atendendo o apelo das famílias catalanas, pois nem todas poderiam manter seus filhos em Uberaba onde os rapazes faziam curso ginasial.

Só em 1948 que o professor Antônio Miguel Jorge Chaud abriu o ginásio masculino “Presidente Roosevelt”, mais tarde vendido aos padres Franciscanos e depois extinto. O Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus tornou-se sustentáculo para todos os demais, principalmente na questão da formação de profissionais; e em 1947 foi construída sua capela.

Em 1948/49 a escola normal deixou de funcionar por falta de alunas, mas com o esforço das Madres e o apoio do Rotary Club reabriu-se em 1950 pelo Decreto nº 1142 de 26 de janeiro de 1950, funcionando regularmente, com aumento de formandas. A maior turma de normalistas foi a de 1967 com 42 formandas. A principio havia 4 séries no básico o primário e 4 séries no normal. De 1930 em diante eram 4 séries primárias, 2 séries complementares e 4 séries no normal.

Quanto à Direção do Colégio foram as seguintes diretoras que dirigiram a parte administrativa e pedagógica do Colégio:

1- Madre Natividade Gorrochátegui que atuou durante 5 anos indo depois ocupar o cargo de geral na Espanha onde faleceu em 20 de novembro de 1936. Era enérgica e culta e foi de fato a pioneira líder de um estabelecimento que se formava.

2- A segunda diretora foi Me. Esperança Garrido, cujo ao longo período de administração deixou época e traço marcante neste estabelecimento. Tinha pulso firme, espírito forte e resolução decidida, tanto nas pequenas como nas grandes iniciativas; todas temiam, mas amavam a Madre Esperança. Pertenceram a ela muitas vitórias alcançadas por esta escola. Comprou terrenos, aumentando largamente o patrimônio, construiu o prédio novo. Tinha grande atividade construtora e seu período administrativo que durou até 1937 foi farto de frutos materiais, morais e intelectuais. Em sua gestão criou-se o Noviciado em Catalão em 5 de janeiro de 1931 com as duas primeiras noviças, Júlia Victor Rodrigues (hoje Me. Maria Jesus) e Yara Bucher, que receberam o hábito em 18 de julho de 1931 com grandes festividades. Catalão foi a casa Mãe da Congregação Agostiniana no Brasil e sede do Noviciado até abril de 1950, quando então este se transferiu para São Paulo.

3- A terceira diretora deste Colégio foi Me. Maria Jesus Victor Rodrigues, formanda da primeira turma e noviça também da primeira turma. Era já portanto um fruto colhido do trabalho das educadoras agostinianas, que assumia a direção. Esteve por mais de 10 anos dirigindo o Colégio e sua administração foi igualmente um período de grande progresso e espalhou intensos benefícios sociais, aproximando-se tanto das famílias catalanas, que a qualquer hora do dia ou da noite vinham buscar conselhos, opiniões ou ajuda para seus problemas.

Quanto às Superioras que nestes tantos anos de existência do Colégio prestaram seu trabalho foram:

  • Me. Natividade Gorrachátegui
  • Me. Paz Hernández
  • Me. Pilar Del Rio
  • Me. Mercedes Iriarte
  • Me. Maria Jesus Victor Rodrigues
  • Me. Agostinha Cermeño Muro
  • Me. Maria José Silva Araújo
  • Me. Agostinha Gomes
  • Me. Dolores Nadal
  • Me. Carmen Vegas Pozza
  • Ir. Assunção Traldi – 1970
  • Ir. Ângela Cecília Traldi
  • Ir. Maria Augusta Cortizo Vidal – 1972, 1978 à 1981
  • Ir. Maria Rita Bretas – 1973
  • Ir. Célia Cândida da Rocha – 1974 à 1976
  • Ir. Lélia Jaime Martins – 1977
  • Ir. Maria Aparecida Neves Monteiro – 1982 à 1990
  • Ir. Lélia Jaime Martins – 1991 à 2012
  • Ir. Isabel de Nazaré da Conceição Tavares  – 2012 até a presente data.

As Diretoras do Colégio durante todos esses anos foram:

  1. Me. Natividade Gorrochátegui
  2. Me. Esperança Garrido
  3. Me. Maria Jesus Victor Rodrigues
  4. Me. Maria Lúcia Rezende
  5. Me. Maria José Silva Araújo
  6. Me. Evangelina Novakowski
  7. Me. Maria da Paz José da Silva
  8. Me. Carmen Vegas Pozza
  9. Me. Laurentina Fernandez Rabanal
  10. Ir. Maria Gorete Ferreira da Silva
  11. Ir. Ângela Cecília Traldi
  12. Ir. Maria Augusta Cortizo Vidal
  13. Ir. Célia Cândida Rocha
  14. Ir. Maria Aparecida Neves Monteiro
  15. Ir. Lélia Jaime Martins
  16. Ir. Isabel de Nazaré da Conceição Tavares (atual)

“ Em 1994 o Colégio passou por uma brusca mudança: de particular para conveniado com a Secretaria de Educação e Cultura e Desporto do Estado de Goiás, tendo á frente a Ir. Lélia Jaime Martins, com o intuito de servir o maior número de famílias catalanas.

E dentro dessa perspectiva de formação e educação em parceria com  a Secretaria de Goiás o Colégio participava de um projeto de capacitação de genitores que vem contribuir para o enriquecimento da educação. Pois este visa implantação de uma escola democrática ou de a comunidade interna externa, têm a oportunidade de externar suas posições para o crescimento da própria  escola. Essa participação pode alcançar âmbito da administração naquilo que seja mais importante, prioridade para a escola como também auxílio na parte pedagógica. O projeto faz o possível para ajudar na articulação e como envolver as pessoas no processo de gestão escolar, como gerenciar os recursos financeiros, como gerenciar o espaço físico  e patrimônio da escola, como promover a construção coletiva do projeto pedagógico da escola, como desenvolver a gestão dos servidores da escola. Todo esse conteúdo vem sendo ministrado de modo eficaz através de vídeos, palestras, dinâmicas; um trabalho muito participativo dos aprendizes.

O estilo agostiniano é caracterizado pela amizade gratuita, pelo diálogo, pela busca incansável. O homem se humaniza e educa, entra em relação com os demais e explora suas potencialidades por meio do trabalho. Santo Agostinho ressalta a honra do trabalho, por isso não podemos pensar única e exclusivamente na promoção dos alunos. A comunidade interna e externa tem que encontrar em nossa escola os elementos necessários de atualização e crescimento, através dos meios mais convenientes. Para poder realizar nesse programa de ação todas as pessoas que participam na educação constituem a comunidade educativa. Esta comunidade se caracteriza por uma co-responsabilidade ativa na opção por um projeto de home segundo nossa identidade cristã. Agostinho disse que chega à liberdade pelo caminho da educação. Por sua vez, e educação liberta e enriquece. Todo homem tem seu coeficiente de criatividade. Despertar o pensamento criativo, fazer crescer a própria personalidade é missão da escola o verdadeiro caminho da liberdade é o de ir constante conquistando-se a si mesmo.

Sabe-se que tudo em uma Congregação é feito pelo grupo e nunca por um individuo isolado. No entanto, em cada realização que se concretiza, um elemento guia, orienta ou chefia os trabalhos. O Colégio Nossa Senhora Mãe de Deus completou 98 anos em 02 de julho de 2016 e com tantos anos de existências tem prestado incalculáveis benefícios não só a cidade de Catalão como  também ao Estado e região.

“É um marco de glória plantado pela vontade firme e eficiente do Monsenhor Sousa, e zelado com carinho, amor, dedicação e capacidade pela culta e zelosa Congregação Agostiniana”.

Das Fundadoras, a Me. Paz Hernandez faleceu em Madrid no dia 18 de novembro de 1982; a Me. Esperança Garrido faleceu em 05 de julho de 1951 em São Paulo e seus restos mortais estão em Catalão. Me. Mercedes Iriarte faleceu em 14 de fevereiro de 1952 em Catalão onde repousam seus restos mortais. Me. Natividade Gorrochátegui faleceu em 20 de novembro de 1936 na Espanha.